Disjunção cirúrgica da maxila
Alguns pacientes podem apresentar uma de deformidade dento-facial, classificada como deficiência transversal de maxila, ou também chamada de mordida cruzada, podendo ser unilateral ou bilateral. Uma das características desta alteração é a atresia da maxila, com o palato “afundado”.
Nos casos em que o indivíduo já passou pela fase de crescimento facial (normalmente após os 18 anos), o ortodontista solicita a cirurgia para auxiliar a expansão desta maxila, descruzando a mordida.
O procedimento cirúrgico leva cerca de 1 hora para ser realizado e a alta hospitalar se dá no mesmo dia. A recuperação para retorno às suas atividades normais se dá em torno de 7 a 10 dias.
Fundamentos do procedimento:
O maxilar superior é composto de duas maxilas e o crescimento delas é o fator responsável pelo alongamento vertical da face entre os seis e doze anos de idade. No adulto, esses ossos estão unidos na sutura intermaxilar (setas).
Para alcançar uma oclusão adequada, além do correto posicionamento dos dentes, é importante a correta relação entre os ossos, o maxilar superior (maxila) e a mandíbula, nas suas diferentes posições: horizontal, vertical e transversal. Dessa maneira, as más oclusões podem ser classificadas como de ordem dental, esquelética ou uma associação entre ambas.


A maxila precisa ter uma boa dimensão transversal para que a oclusão seja estável e funcional. Com essa dimensão reduzida (atresia) falta espaço para os dentes na arcada causando apinhamento, o “céu da boca” fica profundo (palato ogival) e os dentes posteriores não se encaixam na mandíbula (mordida cruzada). As causas da atresia podem ser de origem genética, fisiológica ou em decorrência de hábitos nocivos.
A correção dessa deformidade esquelética, em crianças e adultos jovens, pode ser realizada com aparelhos ortodônticos (ortopedia facial). No entanto, em pacientes adultos com atresias maiores que 5 mm e que apresentam os ossos que formam o maxilar superior unidos (sutura intermaxilar calcificada), os tratamentos ortopédicos não-cirúrgicos geralmente são ineficientes, podendo causar reabsorções dentárias, retrações gengivais e oclusão instável, dentre outras complicações.
Assim sendo, a disjunção maxilar assistida cirurgicamente tem sido indicada para pessoas com deficiência transversa de maxila e esqueleticamente madura. Dependendo da magnitude da disjunção, definida através de criterioso planejamento feito pelo cirurgião bucomaxilofacial e o ortodontista, a cirurgia poderá ser realizada em consultório odontológico, sob anestesia local e com sedação consciente, ou em ambiente hospitalar sob anestesia geral.
Alguns dias antes da cirurgia, o ortodontista irá instalar um aparelho expansor dento-suportado (Hirax) ou dento-muco-suportado (Hass) nos dentes posteriores bilateralmente, sem tocar na mucosa do palato. Esse aparelho será ativado e desativado pelo cirurgião durante a intervenção, após as secções ósseas (osteotomias). O afastamento dos incisivos centrais (diastema) durante a ativação trans-operatória do aparelho é a maior evidência clínica da disjunção maxilar. O paciente será orientado a fazer ativações diárias do disjuntor até que a mordida seja descruzada.
O sucesso dos procedimentos cirúrgicos depende do cumprimento rigoroso dos princípios aplicáveis às cirurgias em geral. Nas disjunções, como em qualquer outra cirurgia, preocupamo-nos em escolher a melhor técnica cirúrgica, com o menor potencial de recidiva, mínimo risco e aplicar todos os nossos conhecimentos científicos para melhor consecução do tratamento.


